Nicolò Agostino Facchinetti (Treviso, Itália, 1824 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1900)
Nascido em Treviso, Itália, Nicolò Agostino Facchinetti, mudou-se para o Brasil em 1848, supostamente por questões políticas. No Brasil, passou a ser conhecido como Nicolau Facchinetti. Já com treinamento em artes antes de sua chegada ao Rio de Janeiro, ele fez parte do grupo de artistas estrangeiros que foram para o Brasil no século XIX. Sua obra constitui uma das maiores contribuições feitas à arte brasileira do período. Contrário aos ideais artísticos defendidos pela Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro na época, Facchinetti trazia em seu trabalho enquanto pintor de paisagem o estilo veneziano, caracterizado pela atenção minuciosa às nuances, rica variedade cromática e composição precisa, sendo capaz de trazer às suas produções detalhes diminutos dos componentes paisagísticos. Por não se ater aos pressupostos neoclássicos, românticos e impressionistas ensinados nas academias de arte de Paris e Florença — tidas como exemplos pelo meio das artes no Brasil da época —, Facchinetti não só construiu uma obra singular, como também contribuiu para a criação da linguagem visual da pintura de paisagem nas Américas. No entanto, a singularidade de sua obra também causou o tardio reconhecimento da Academia Imperial de Belas Artes. Foi apenas em 1865 que a Academia o consagrou com o diploma para lecionar desenho. Em 1869, tornou-se próximo à família real, passando a receber encomendas da princesa Isabel e do Duque de Saxe.
O percurso artístico de Facchinetti acompanha o ampliamento das artes no Brasil durante a segunda metade do século XIX, quando transicionou de uma cena artística articulada pela monarquia a um meio artístico influenciado pela ascensão burguesa. Também dentro de seu fazer artístico estavam cenografias, as quais ele concebia para eventos burgueses, celebrações e produções teatrais, colocando assim a sua arte em um contexto mais conectado com a vida cotidiana e pondo-se em proximidade com a classe burguesa em ascensão. Justamente essa classe burguesa tornou-se a maior incentivadora de seus trabalhos enquanto esperava o formal reconhecimento da Academia Imperial de Belas Artes. Facchinetti também consagrou a arte de souvenir no Brasil, possibilitando a exportação da imagem de suas cidades e, principalmente, do Rio de Janeiro, para o mundo. Detalhes sobre o local, a hora, qualidades da luz e ponto de vista adotado para a criação da pintura eram anotados por ele no verso de suas produções. No mesmo espaço, Facchinetti também fazia respeitosas dedicatórias aos seus clientes, ressaltando seus títulos de nobreza. Esses detalhes permitiram-no criar, com suas telas, não apenas valor artístico, mas também histórico.
Através da miniaturização presente em suas composições, ele criou paisagens extremamente detalhadas, fidedignas às localidades na época. Através deste método, suas pinturas direcionam a atenção para a cena, atraindo o indivíduo que entra em contato com suas elas.
EN
Born in Treviso, Italy, Nicolò Agostino Facchinetti moved to Brazil in 1848, allegedly for political reasons. In Brazil, he became known as Nicolau Facchinetti. Already trained in the arts before his arrival in Rio de Janeiro, he was part of a group of foreign artists who traveled to Brazil in the 19th century. His work stands as one of the greatest contributions to Brazilian art of that period. Opposed to the artistic ideals promoted by the Imperial Academy of Fine Arts in Rio de Janeiro, Facchinetti’s work as a landscape painter also references the Venetian style at that time, characterized by meticulous attention to nuances, a rich variety of colors, and precise composition, allowing him to bring minute details of different components of the landscapes he depicts into his compositions. By veering away from the Neoclassical, Romantic, and Impressionist principles taught in the art academies of Paris and Florence, which were considered to be the standard in the art world in Brazil at the time, Facchinetti not only developed a unique body of work, but also contributed to the creation of the visual language of landscape painting that developed in the Americas. The distinctiveness of his work, however, led to his delayed recognition by the Imperial Academy of Fine Arts. It was only in 1865 that the Academy awarded him a diploma that allowed him to teach drawing. In 1869, he became close to the royal family, receiving commissions from Princess Isabel and the Duke of Saxe.
Facchinetti's artistic career paralleled the expansion of the arts in Brazil during the second half of the 19th century, which transitioned from being driven by the monarchy to being influenced by the rising bourgeoisie. His artistic work also included stage design, which he conceptualized for bourgeois events, celebrations, and theatrical productions. His connection to the bourgeoisie placed his art in a context more connected to everyday life, and it in turn placed him in close proximity to the rising bourgeois class. It was precisely the bourgeoisie that later became the biggest supporters of his work while he awaited formal recognition from the Imperial Academy of Fine Arts. Facchinetti also established the art of the souvenir in Brazil, making it possible to transmit the image of its cities, most notably Rio de Janeiro, to the world. He recorded details about place, time, lighting, and the vantage point he selected to create each painting on the back of his works. Facchinetti also made respectful dedications to his clients in the same area, oftentimes highlighting their titles of nobility. These details allowed him to create not only artistic, but also historical value with his canvases. By way of the miniaturization present in his compositions, he produced extremely detailed landscapes that were faithful to the locations he depicted at the time. The method used in his paintings directs attention to the scene he is portraying, immediately drawing the viewer in.